MUSICA, DANÇA, TEATRO, PINTURA, LITERATURA

quarta-feira, 4 de julho de 2012

AS FAZES DA LITERATURA CABO-VERDIANA



1º PERIODO – Do povoamento das ilhas até 1925 - Iniciação
Este período é caracterizado pelo período de iniciação do processo da produção literária. Pois, pelo facto de não houver equipamentos para impressão, havia variado gama de textos manuscritos e alguns impressos aquando da chegada do prelo em 1842, quer de índole regionalista, quer patriótico. Com a chegada do prelo, em 1856 foi publicado o romance de José Evaristo d’Almeida, intitulado O Escravo. Em 1877 criou-se a imprensa periódica não oficial. A partir dessa data o país conhece um vazio literário até a publicação de poemas Arquipélagos em 1935, o escritor Jorge Barbosa, e da revista claridade em 1936, fundada por Baltasar Lopes, Manuel Lopes e Jorge Barbosa, entre outros. O surgimento da classe dos letrados equiparados ou superior à dos angolanos deve-se a criação do Liceu-Seminário de S. Nicolau (Ribeira Brava) entre 1866 a 1928

2º PERIODO – 1926 A 1935 - Hesperitano
Esse período antecede a modernidade que o movimento da Claridade (1936) incarnou. Desde os primeiros tempos, até ao final deste 2° Período, entendemos, com Manuel Ferreira, que vigorou o Caboverdianismo, caracterizado como de «regionalismo telúrico». Na generalidade textos espelhavam a fome, o vento e a terra seca, ou e certa insatisfação e incomodidade com o sistema, numa atmosfera muito próxima do naturalismo.
3.° PERIODO – 1936 A 1957 – Regionalistas ou Claridosos
Esse período inicia com a publicação da revista claridade e termina com os neorrealistas da revista Certeza em 1944. Em 1941 Jorge Barbosa publica livro de poemas Ambiente. Em 1945, António Nunes publica poemas de longe. Em 1947, Baltasar Lopes publica o romance fundador Chiquinho. Em 1949 Manuel Lopes publica os poemas de quem ficou. em 1956, Manuel Lopes publica Chuba Braba.

4º PERIODO - 1958 a 1965 – Cabo-verdianitude
, Nesse periodo, com o Suplemento Cultural, se assume uma nova cabo-verdianidade que, por não desdenhar o credo negritudinista, se pode apelidar de Cabo-verdianitude, que, desde a sua ténue assunção por Gabriel Mariano, num curto artigo (1958), até muito depois do virulento e celebrado ensaio de Onésimo Silveira (1963), provocou uma verdadeira polémica em torno da aceitação tranquila do patriarcado da Claridade. Do Suplemento Cultural do Boletim Cabo Verde fizeram parte Gabriel Mariano, Ovídio Martins, Aguinaldo Fonseca, Terêncio Anahory e Yolanda Morazzo.
5.° PERIODO - 1966 e 1982 - Universalismo
O Universalismo é assumido, sobretudo, por João Vário, quando o PAIGC (acoplando forças políticas de Cabo Verde e da Guiné-Bissau) se achava já envolvido, desde 1963, na luta armada de libertação nacional, abrindo, aquele poeta, muito mais cedo do que nas outras colónias, a frente literária do intimismo, do abstracionismo e do cosmopolitismo: aliás, só depois da independência, e passado algum tempo, surgiu descomplexada e polémica, sobretudo em Angola e Moçambique. Podemos datar de 1966, com a impressão dos poemas, em Coimbra, de Exemplo geral, de João Vário (João Manuel Varela), essa viragem, que, diga-se, pouco impacto veio provocar.
6.° PERIODO - 1983 à atualidade – Consolidação
Esse período, começando por uma fase de contestação, comum aos novos países, para gradualmente se vir afirmando como verdadeiro tempo de Consolidação do sistema e da instituição literária. O primeiro momento é dominado pela edição da revista Ponto & Vírgula (1983-1987), liderada por Germano de Almeida e Leão Lopes. Hoje os escritores cabo-verdianos, quer residentes no país, quer na diáspora publicam anualmente obras literárias, tantos poemas, poesias/prosas, romances, como livros técnicos e científicos, quer editadas no país ou no exterior.

domingo, 1 de julho de 2012

PRINCEZITO, PROMOTOR DO BATUQUE/FINASON


Criador de canções de excelência, investigador das várias vertentes do batuku, abordando a melopeia tirada das histórias, contos e provérbios populares, Princezito incide ainda no finaçon, uma improvisação/declamação cantada, baseada essencialmente em temas sociais.
Carlos Alberto Sousa Mendes de nome artístico Princezito, nasceu em Cabo Verde quatro anos antes da independência, na ilha de Santiago, vila do Tarrafal – Monte Iria, zona onde a lendária cantadeira de Finason – Bibinha Kabral – viveu os últimos anos de vida, senhora de quem Princezito cobiçou a arte de cantar.

Estudou na escola da vila onde nasceu, desde muito cedo despertou a admiração dos professores e dos colegas, pela originalidade na escrita e declamação dos seus próprios poemas, arte que aprendera em casa com os irmãos mais velhos.

1985
Na gala cultural de celebração do 10º Aniversário da Independência de Cabo Verde, apenas com 13 anos, Princezito partilhou ingenuamente o palco – Arena do Parque 5 de Julho – com Tina, Celina Pereira, Ildo Lobo e Cesária Évora. “0s aplausos e assobios do público não me deixavam terminar as frases”.
Era notório o entusiasmo do público que pela primeira vez assistia ao FINASON (canto Folclórico baseado essencialmente no improviso) na voz de uma criança.

1987
Com os sonhos na bagagem, Princezito parte para Cuba. Foram sonhos que então cristalizaram em poesia, cantos, e expressões que já o intitulam de “Piskador di puema” ou “ Kasador di inspirason”

Em Cuba viveu uma imensa experiência cultural:
- Dirigiu durante quatro anos o Departamento Cultural da Comunidade Estudantil Cabo-Verdiana.
- Criou um grupo de batuku formado por raparigas de todas as ilhas.
- Criou um grupo de Carnaval que viria a receber o prémio “Festival de Toronja 1988”.
- Coreografou várias danças tradicionais de Cabo Verde, para diversos eventos.
- Fundou com amigos um grupo musical.
- Participou em festivais culturais estudantis que lhe mereceram vários prémios de cariz cultural.
- Pela sua organização e versatilidade, foi escolhido para receber as delegações estrangeiras de visita à Isla de la Juventud.

Durante os oito anos que viveu em Cuba, Princezito absorveu a grande diversidade cultural daquele país, dos ritmos e cantos afro cubanos passando pela música popular e contemporânea.

1995
“0ra ki dan gana ba nha téra nhos dexan bai”. Assim foi, regressa a casa com barbas e um Diploma que a Vida e a Escola lhe outorgaram.
Especializou-se em técnicas de laboratório clínico; profissão que não hesitou em trocar pela paixão à cultura que sempre o embalou…

2002
- Foi o preceptor do projecto “AYAN”, registo discográfico que evidenciou a nova tendência do estilo Batuku e projectou a chamada geração Pantera. Uma produção que contou com a participação de Tcheka, Vadu, Djingo e do próprio Princezito que trouxe à terra uma réplica de “Lua”, a composição de sua autoria que tem vindo a marcar o sentido e a alma dos muitos que a escutam. Registada por Mayra (CD) e Lura (DVD).

Participações em disco:
Trás di Son – Djinho Barbosa
Tarraf All Stars – Projecto músicos do Tarrafal
Traduson pa Tradison – Gilyto
Oh Mãe Mais Justa – Tó Alves
Badyo – Mário Lúcio

Composições interpretadas por:
Nancy Vieira, Mayra Andrade, Diva, Ritinha Lobo, Samira, Jenifer entre outros.

2008
Spiga, o seu primeiro disco a solo, é o resultado de um trabalho de pesquisa sobre as vertentes do batuku. Aborda a “melopeia” (melodia cantada), baseada nas histórias, contos e provérbios populares. Com produção musical de Hernani Almeida e edição da Harmonia, Spiga é um documento de referência para a história musical de Cabo Verde!

APRESENTAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO TEATRAL FLADU FLA



A Associação Teatral “Fládu Fla” foi fundada no dia 14 de Agosto de 2002 por um grupo de legionários católicos, sob a iniciativa do Engenheiro Técnico Aeronáutico  Senhor Sabino Baessa. O reconhecimento da capacidade técnica dos elementos no âmbito do trabalho cénico contribuiu para a redifinição dos objectivos e a implementação de uma nova filosofia de trabalho. Essa nova filosofia é baseada na identificação, investigação e análise dos aspectos tradicionais da cultura caboverdiana, promovendo deste modo, o seu contacto com a nova geração. Esse contacto vai permitir à referida geração, sob as influências da evolução científica e tecnológica e ainda sob efeito do processo da globalização que o mundo está sujeito, a construção da sua identidade cultural perante diversidades culturais.


Paralelamente aos aspectos tradicionais da cultura caboverdiana, ainda Fládu Fla identifica e analisa os problemas que assolam a sociedade caboverdiana, criando textos dramatúrgicos relativo à temática que abordam questões de sensibilização das comunidades caboverdianas, denominado teatro de intervenção social.

Finalmente, Fládu Fla promove produções de trabalhos cénicos também no âmbito religioso. Pois, considera que a religião constitui o sentido de orientação da sociedade.

Orientado por um Conselho Superior constituido por: Teólogo, Psicólogo, Linguistas, Historiadora, Jornalista e pai do teatro caboverdiano - Dr. Francisco Fragoso, Fládu Fla pretende capacitar os associados tanto na vertente cénica como profissional.

Na presente data a associação conta com quarenta associados de 16 a 60 anos, sendo 90% dos associados situado na faixa etária de 18 a 30 anos. Os associados são da etnia europeia, africana, cubana e americana.


                        
1.1  – MISSÃO

A associação Teatral “Fládu Fla tem por missão primordial:
- Fomentar o mais elevado espírito de grupo e de integração social dos associados para um cabal exercício da cidadania;
- Promover o desenvolvimento da capacidade intelectual dos associados, tanto no âmbito da arte cénica como no campo profissional, bem como sensibilizá-los para uma educação moral, psicossosial e ética na construção de valores.
- Identificar, desenvolver e promover aspectos culturais por forma a garantir à nova geração um contacto directo com os valores tradicionais caboverdianos.

No processo do cumprimento dessa missão a associação produziu, até á presente data, os seguintes trabalhos artísticos:

1.2.1–  PEÇAS DE TEATRO

Em cena desde 2002, a Associação tem produzido trabalhos com motivação reforçada a cada ano que passa, no sentido de melhorar as suas performances, enquadrando e acompanhando as suas apresentações aos momentos que as sociedades vão atravessando. O percurso conta já com 9 anos de experiência, muita dedicação e vontade de.

Peças de Teatro apresentadas:
2.
Emigrason
3.
Flagelo
4.
Vida do Salvador
5.
Boka Lâmbiki
6.
Nha Grogu
7.
Família
8.
Jornada di Badiu
9.
Tribunal do Sentimento
10.
Profisia di Kriolu
11.
Dualidade Universal
12.
Sexta-Feira 13
13.
Prisépio
14.
Mente e Ambiente
15.
Ser e não Ser
16
Homem, eterno presioneiro

Toda a produção artística da associação é original. Desde a criação do conteúdo da dramaturgia, à encenação, passando pela definição do plano da iluminação e da banda sonora, a concepção gráfica do espectáculo e a produção do espectáculo propriamente dita. Todas as actividades são desenvolvidas e executadas voluntariamente pelos associados ao serviço da sociedade caboverdiana


1.2.2 –  AUDIOVISUAIS
 
No ambito das produções audiovisuais, a Associação Teatral “FLÁDU FLA” teve o previlégio de poder ter participado em alguns projectos. De facto, a associação tem o orgulho de poder ver os seus trabalhos expostos das mais variadas formas, seja em publicidade de sensibilização, outdoors, seja em curtas ou longas metragens.

Audiovisuais desenvolvidos:
1.
Priorizar a formação em vez da actividade sexual – M.A.J.D.
2.
II IDSR- I.N.E.
3.
Eleição 2006 – D.G.A.E.
4.
Campanha do cartão telefácil – TELECOM
5.
Projecto CCS – SIDA 2007/2008 (teste, não à discriminação e respeito pelos portadores de Virus ou doença VIH) – CCS-SIDA
6.
Apadrinhamento Escolar (curta metragem) – 2008 e 2009 - ICASE
7.
Pegadas (longa metragem) – FLÁDU FLA
8.
Apadrinhamento Escolar - Spot
9.
Campanha de Preservativo feminino








C:\Users\Sabino\Documents\Cartaz e bilhete\cartaz pegadas.jpgPROJECTOS 2011 e 2012:

- Produção audiovisual de algumas peças consideradas relevantes para o arquivo historico de Fladu Fla, em formato audioviaual;

- Organização do festival nacional do teatro  em meados do mes de Agosto 2012 


ALGUMAS FOTOGRAFIAS DA PEÇA JORNADA DI BADIU  E A VINDA DO SALVADOR






ORLANDO PANTERA, O MENTOR DO NOVO ESTILO DO BATUQUE, CONHECIDO POR `GERASON PANTERA`


Orlando Pantera:
 "Ó ki'm morrê antes tempo ressuscitan sem licença"/"A quem morre antes do tempo ressuscitam sem pedir licença".
Orlando Monteiro Barreto nasceu no interior da ilha de Santigo em Novembro de 1967.Considerado percursor de um novo estilo na música cabo-verdiana, Orlando Pantera foi letrista, compositor, multinstrumentista e só nos últimos anos de vida é que cantou em público.
Text Box: Orlando Pantera (Foto: Djinho Barbosa) O apelido Pantera como ficou perpetuado, deve se ao facto de em criança ter sido um amante da revista Pantera Cor-de-rosa. Andava sempre com elas, daí os amigos num subúrbio da praia chamavam- no” Orlando Pantera”. Teve acesso a revista em Angola, país onde chegou com um ano na companhia dos pais e deixou, oito anos depois na viagem de regresso à Cabo verde.
Pantera faleceu aos 33 anos vítima de pancreatite aguda, a 1 de março de 2001, altura em que gravaria o seu primeiro álbum "Lapidu na Bô"/ "Grudado em Ti". Deixou uma filha chamada, Darlene que teve com a Carla Garcia, (companheira durante oito anos). Um ou dois dias antes tinha actuado no Quintal da Música, espaço cultural na Cidade da Praia (platô), onde dava espetáculos as quintas-feiras. Horas antes de ser internado, tinha estado com os amigos num "hora di bai", convívio de despedida em homenagem a alguém que ia viajar. O seu primeiro emprego foi o de animador social.
Pantera não deixou nenhum álbum gravado mas um leque de obras que não deixa indiferentes os ouvidos daqueles que se deixam tocar pela qualidade. Ele ressuscitou os géneros tradicionais como Batuke, funaná, Tabanca que eram proibidos até a independência, e que iam perecendo após esta.
"É preciso observar, viver e guardar na alma".
 Da observação, do contacto, com a vivência do povo do interior criou um estilo autêntico, original, sem tirar os pés da raiz que tanto o inspirou. Ele cantava com todo o corpo, dava vida a o que se chama tradição, de forma inovadora sem corromper o que de genuíno trazia a sua música.
 Quem o via interpretando num palco, de camisas e calças a boca-de-sino, não via nele o homem tímido que desde de miúdo desacreditava na sua voz, por isso pedia as pessoas para cantar a sua música. Guitarrista e baixista, Pantera mergulhou também na percussão, retirando sons dos objectos mais inimagináveis, como:  pilon, pau de colêxa, búzios e shelafon.
Na sua música retratava a vivencia das mulheres e dos homens do interior da ilha de Santiago,
Nos braços da música esteve em Portugal, França, Holanda, Brasil, EUA e outros países, em digressões. Em Cabo Verde actuou no Quintal da Música, no Pub Cruzero, no Parque 5 de Julho, nos festivais da Gâmboa (Praia), Baía das Gatas (Mindelo) e Sete Luas Sete Sóis (Santo Antão).
 Nos anos 80, integrara vários grupos, dentre eles o Pentágono e o Quinteto Capaverdeans Jazz Band. Mas Passou a ser uma referência musical, a partir do momento que Os Tubarões gravaram, em 1993, algumas das suas composições, nomeadamente o êxito "Tunuca", no CD "Porton di Nôs Ilha". Participou com dois Funanás e uma Coladera. Por esta ocasião foi galardoado com o Prémio Compositor no Ano. Além dos Tubarões existem também compilações com músicas de Pantera: "Verão 2000" e "Filhos do Funaná"; sete composições em discos de outros intérpretes, Mário Rui, Djudja, Grace Évora, Pentagono e Filipe. Pantera, ainda Integrou o grupo Raiz di Polon, junto com o Manu Preto e outros desde 1997.

Orlando é um dos perpétuos nomes da música cabo Verdiana, admirava músicos como Catchás, Kaká Barbosa, Ano Nobo, Manuel d' Novas, entre outros.

Pantera deixou vários materiais espalhdos.Hoje, alguns amigos procuram levar avante o projecto, como cumprimento de promessa ao músico morto, mas todos sabem que não será a mesma coisa. No máximo, será um esboço do sonho de seu criador, já que o estilo de música por que vinha enveredando era absolutamente pessoal.

Em homenagem a este malogrado nome o Ministério da Cultura criou “Prémio Orlando Pantera – Descoberta de talento Jovem” que visa de incentivar e promover o desenvolvimento da cultura cabo-verdiana, através da música. prémio contempla cinco modalidades:
melhor conjunto ou grupo musical
melhor composição musical
melhor Música Instrumental
melhor Trabalho de Investigação
o melhor intérprete
      

     É preciso parar e pensar que dimensão teria hoje, Pantera, se esse mundo contasse com a sua presença física, medir a projeção que a sua música teve interpretado por outros artistas, como Lura, Mayra andrade, entre outros, e adicionar a eles a essência do Pantera, o que o deferi de todos os  interpretam a sua música.
o estilo de pantera é continuado por artistas como Princezito, Vadu, Mayra andrade, Lura, Tcheca, entre outros...

PRINCEZITO, PROMOTOR DO BATUQUE/FINASON


Criador de canções de excelência, investigador das várias vertentes do batuku, abordando a melopeia tirada das histórias, contos e provérbios populares, Princezito incide ainda no finaçon, uma improvisação/declamação cantada, baseada essencialmente em temas sociais.
Carlos Alberto Sousa Mendes de nome artístico Princezito, nasceu em Cabo Verde quatro anos antes da independência, na ilha de Santiago, vila do Tarrafal – Monte Iria, zona onde a lendária cantadeira de Finason – Bibinha Kabral – viveu os últimos anos de vida, senhora de quem Princezito cobiçou a arte de cantar.

Estudou na escola da vila onde nasceu, desde muito cedo despertou a admiração dos professores e dos colegas, pela originalidade na escrita e declamação dos seus próprios poemas, arte que aprendera em casa com os irmãos mais velhos.

1985
Na gala cultural de celebração do 10º Aniversário da Independência de Cabo Verde, apenas com 13 anos, Princezito partilhou ingenuamente o palco – Arena do Parque 5 de Julho – com Tina, Celina Pereira, Ildo Lobo e Cesária Évora. “0s aplausos e assobios do público não me deixavam terminar as frases”.
Era notório o entusiasmo do público que pela primeira vez assistia ao FINASON (canto Folclórico baseado essencialmente no improviso) na voz de uma criança.

1987
Com os sonhos na bagagem, Princezito parte para Cuba. Foram sonhos que então cristalizaram em poesia, cantos, e expressões que já o intitulam de “Piskador di puema” ou “ Kasador di inspirason”

Em Cuba viveu uma imensa experiência cultural:
- Dirigiu durante quatro anos o Departamento Cultural da Comunidade Estudantil Cabo-Verdiana.
- Criou um grupo de batuku formado por raparigas de todas as ilhas.
- Criou um grupo de Carnaval que viria a receber o prémio “Festival de Toronja 1988”.
- Coreografou várias danças tradicionais de Cabo Verde, para diversos eventos.
- Fundou com amigos um grupo musical.
- Participou em festivais culturais estudantis que lhe mereceram vários prémios de cariz cultural.
- Pela sua organização e versatilidade, foi escolhido para receber as delegações estrangeiras de visita à Isla de la Juventud.

Durante os oito anos que viveu em Cuba, Princezito absorveu a grande diversidade cultural daquele país, dos ritmos e cantos afro cubanos passando pela música popular e contemporânea.

1995
“0ra ki dan gana ba nha téra nhos dexan bai”. Assim foi, regressa a casa com barbas e um Diploma que a Vida e a Escola lhe outorgaram.
Especializou-se em técnicas de laboratório clínico; profissão que não hesitou em trocar pela paixão à cultura que sempre o embalou…

2002
- Foi o preceptor do projecto “AYAN”, registo discográfico que evidenciou a nova tendência do estilo Batuku e projectou a chamada geração Pantera. Uma produção que contou com a participação de Tcheka, Vadu, Djingo e do próprio Princezito que trouxe à terra uma réplica de “Lua”, a composição de sua autoria que tem vindo a marcar o sentido e a alma dos muitos que a escutam. Registada por Mayra (CD) e Lura (DVD).

Participações em disco:
Trás di Son – Djinho Barbosa
Tarraf All Stars – Projecto músicos do Tarrafal
Traduson pa Tradison – Gilyto
Oh Mãe Mais Justa – Tó Alves
Badyo – Mário Lúcio

Composições interpretadas por:
Nancy Vieira, Mayra Andrade, Diva, Ritinha Lobo, Samira, Jenifer entre outros.

2008
Spiga, o seu primeiro disco a solo, é o resultado de um trabalho de pesquisa sobre as vertentes do batuku. Aborda a “melopeia” (melodia cantada), baseada nas histórias, contos e provérbios populares. Com produção musical de Hernani Almeida e edição da Harmonia, Spiga é um documento de referência para a história musical de Cabo Verde!

sexta-feira, 29 de junho de 2012



O batuque é provavelmente o género musical mais antigo de Cabo Verde, mas só há registos escritos acerca do batuque a partir do século XIX. Presentemente só se encontra na ilha de Santiago, e é no Tarrafal onde se vive com mais intensidade este género musical. Todavia, há indícios que já existiu em todas as ilhas de Cabo Verde.[2]
Segundo Carlos Gonçalves[3], o batuque não seria um género musical transposto do continente africano. Seria a adaptação de alguma dança africana (qual?) que depois teria desenvolvido características próprias em Cabo Verde.
O batuque sempre foi hostilizado pela administração portuguesa, por ser considerado «africano», e pela Igreja, mas foi durante a política do Estado Novo que essa perseguição foi mais forte. O batuque chegou a ser proibido nos centros urbanos, e chegou a estar moribundo a partir dos anos 50. Depois da independência houve um interesse em fazer ressurgir certos géneros musicais. Mas é nos anos 90 que o batuque teve um verdadeiro renascimento, com jovens compositores (Orlando Pantera, Tcheka, Vadú, etc.) fazendo trabalhos de pesquisa e conferindo uma nova forma ao batuque, sendo interpretado por também jovens cantores (Lura, Mayra Andrade, Nancy Vieira, etc.).